3 Anos Depois seleccionado para a competição Pardo di Domani do Festival de Locarno [11/06/2018]

A segunda curta metragem de Marco Amaral, 3 Anos Depois, terá a sua estreia internacional na competição internacional Pardo di Domani do Festival de Locarno
A curta metragem, que conta com as interpretações de Ana Moreira e Custódia Gallego, é o segundo filme do realizador e tem produção da Ukbar Filmes.
A 71ª edição do Festival de Locarno decorre de 1 a 11 de Agosto, na Suíça, e contará com a presença do realizador e equipa. O filme é apresentado em Portugal no Festival Curtas Vila do Conde, de 14 a 22 de Julho. 

"Tive uma relação muito próxima com a minha avó materna com a qual passei os meus primeiros anos de vida. Talvez por isso nunca me tenha apercebido que já não tinha avôs homens. Ela dizia que ser avó era ser mãe duas vezes. Nunca entendi bem o que ela queria dizer. Hoje, quero procurar a ideia de família. Aquela que parece ser a unidade central do nosso tempo.

Em 3 Anos Depois criei uma avó e uma mãe, ou melhor, duas mães. Esperei para observar os seus comportamentos, e neles, o mimético da família de hoje. Como no meu filme anterior, Outono, estabeleço esta história no interior de uma serra. Reconheço esta tendência de procurar lugares que me façam lembrar a minha infância. Utilizo estas pequenas aldeias já quase sem casas, e estas casas já quase sem pessoas para colocar em confronto o Homem e a (sua?) Natureza.


Hoje, no filme, João está preocupado com o seu cão Golias que está desaparecido. Entretanto, lá fora, chega um carro. A sua mãe regressa três anos depois de o ter deixado a viver com a avó. Durante este tempo ela não existiu na vida deles. Hoje, sente-se presa a uma condição que não suporta e regressa para um lugar que parece já ter sido ocupado.

Acredito que os acontecimentos decisivos acontecem sem darmos por isso. Enquanto estamos preocupados com um cão desaparecido, outra coisa acontece. Nunca me interessou mostrar o momento do conflito ou a descarga catártica. Construí este filme com os momentos anteriores ao conflito centrando-me na crise que não é visível, mas que começa a ser persentida. Esta dificuldade em acedermos às coisas é uma forma de nos aproximarmos da protagonista. Uma forma de partilharmos com ela as suas dúvidas.

Quis privilegiar uma apreensão do espectador mais sensorial do que racional, de forma a que cada um de nós possa preencher o que falta da história com as nossas próprias experiências." (Marco Amaral)

[11/06/2018]